10 maio 2016

RESENHA: “SENHORA”, JOSÉ DE ALENCAR


Olá meu leitores!
Eis aqui uma obra nacional de grande apreço e pouco valorizada principalmente pelos jovens, infelizmente nossas escolas públicas, pelo menos onde estudei, não escolhem metodologias convidativas e atraentes o suficiente para que os jovens possam apreciar a leitura. Eu li o livro pela primeira vez ainda no colégio, mais não entendi muitas coisas, depois de algum tempo li novamente com mais calma e pude entender muitos aspectos retratados da sociedade daquele tempo.

O que posso dizer é que a sociedade vem de um modelo patriarcal, machista e soberano, onde a mulher é vista como objeto tendo como melhor oportunidade de vida o casamento, Aurélia talvez tenha sido feminista sem saber ou simplesmente era uma mulher diferente.


“Senhora” é um romance urbano, uma obra- prima da literatura nacional. A linguagem rebuscada, de uma beleza ímpar, José de Alencar reflete usos e costumes da sociedade carioca burguesa no período em que o Brasil ainda era uma colônia portuguesa. Aurélia, a “senhora” do título da obra, é apresentada como uma estrela, uma diva carioca, uma “sílfide”, no primeiro capítulo ( a obra é dividida em quatro capítulos, “O preço”, “A quitação”,  “A posse e o “O resgate” ). Aurélia é a típica idealização da mulher do Romantismo. A moça de 19 anos é linda, tem uma personalidade forte, cabelos castanhos, delicada, possui olhos grandes e rasgados. (p. 14) Aurélia toca piano, canta e aprendeu a arte da retórica. Ela faz sucesso nos saraus, nos salões de baile, nas festas sociais.

Aurélia Camargo, filha de Emília, uma costureira, é órfã de pai, tem um tutor que é o seu tio Lemos, que cuida dos seus negócios e a ajuda a desenvolver suas aptidões. A moça é  muito cortejada, casar era o único caminho para as mulheres naquele tempo (Brasil imperial) numa sociedade altamente machista ou então ser freira.  Aurélia tem muitos ricos admiradores, o que poderia ser motivo de lisonja, mas ela é inteligente, não considera- se uma mercadoria, sente indignação por ter que viver tal situação.

Aurélia é uma das mais ricas mulheres da sociedade, tornando-se o centro das atenções e principal estrela dos Bailes. Como forma de rebaixar os seus pretendentes e reforçar sua desilusão no amor - em sua maioria atraídos pela sua fortuna -, atribuía um valor a cada homem que a cortejava e pagava-lhe como dote.

Em uma dessas festas, acaba revendo Fernando - que acabara de chegar de uma viagem pela Europa, ainda noivo da filha de Amaral - e tramando a sua vingança: compraria-o como marido e sujeitaria-o a viver o resto de seus dias sem amor. Com essa ideia, pede ajuda de seu tio e também responsável para que oferecesse sua mão a Fernando sem que o próprio soubesse quem era a mulher com quem se casaria, e após vê-lo atrair-se pelo dinheiro mais uma vez, transforma sua vida em um inferno e sentencia-o durante a noite de núpcias.

Narrando o dia a dia de um casamento de fachada, José de Alencar encanta ao leitor com uma trama simples, porém engenhosa. Ao longo do enredo, há um visível amadurecimento dos personagens e apesar das farpas trocadas entre Fernando e Aurélia, é impossível não torcer por um final feliz. 



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